6 de agosto de 2013

Nossa Senhora da Conceição de Jaguara


As vezes me acho um Indiana Jones
do cerrado (rsrs...)
sempre a procura de tesouros; Porém, minhas joias estão nas coisas simples, 
em festas populares,
nas tradições rotineiras, em ruínas da história.
Neste último final de semana estive em uma pérola da arquitetura religiosa.
Infelizmente não a encontramos nem se quer citada nos livros escolares
ou muito menos divulgada nas redes sociais. Acredito que pra muitos saber sobre ela não faria diferença no curso da vida.
 


 






 
 Mas pra mim não!

A primeira vez que ouvi falar dela, foi num livro chamado "História de Igrejas Destruídas" de Eduardo Verderame, editora Hedra. Ali descobri que uma igreja cem por cento atribuída ao mestre Aleijadinho, estaria em ruínas numa cidade próxima a capital mineira. Minha reação foi descobrir em que estado essa igreja poderia estar e como conseguiria conhecê-la.

Como moro a mais ou menos quinhentos e oitenta quilômetros de distância, fui deixando de lado essa possibilidade de encontro, mas nunca me esqueci.



 

 
Matozinhos fica a quarenta e sete quilômetros de Belo Horizonte, uma cidade pequena, que possui vários atrativos turísticos como grutas recheados de pinturas rupestres.
Para mim,
apenas a centenária fazenda com a igreja de Aleijadinho me interessava,
 
  
 

 Dificuldades não tive em encontra-la, pois vários sites nos revelam sua localização. O "Vínculo da Jaguara, uma espécie de estabelecimento rural com várias fazendas agregadas, tendo como sede a
Velha Jaguara
possuidora da imponente igreja, fica a vinte quilômetros a nordeste do município.
Para chegar temos que tomar como guia as placas de um hotel rural desativado homônimo á fazenda. Por estradas de terra
vamo-nos embrenhando no cerrado, até chegar ao hotel com suas casinhas de tijolos
aparente, ali seguimos mais quatro quilômetros a diante, sempre na estrada principal onde
a tendência é descer pelo terreno íngreme.
 
 

 
Toda viagem compensa pela belíssima visão que
temos, no meio do nada eis que surge o
belo templo,
fascinante!
Estupendo!

 


 
 
Devido a descuidos do passado cujo antigo dono doou alguns mobiliários e estrutura ás igrejas de Nova Lima e sem o telhado
a destruição e ruína seria inevitável.
Não descobri nada que comprovasse a autoria do artista barroco
devido o estado de degradação da igreja,
porém tanto o óculo, uma espécie de janela no alto da fachada e o pórtico esculpido em madeira, demonstram uma habilidade e primor do artífice.
 
 
 
 
Hoje estruturas metálicas tentam conservar
e adiar sua queda total;
Porém eu acredito, 
que se nada for feito, esse mal acontecerá,
e tesouros como esse não poderão mais fazer parte de aventuras.
Apenas de relatos!
 
 

31 de julho de 2013

Estação a espera do fim!





 ESTIVE NO FINAL DO MÊS PASSADO NA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ENG. LISBOA, PRÓXIMO A CIDADE MINEIRA DE CONQUISTA, ENTRE JUMBAÍ E PONTE ALTA. ALI, DEPOIS DE UM GRANDE CANAVIAL E UM DESEMBOCAR DA ESTRADA AVISTAMOS UM BELO VALE E O QUE RESTOU DO COMPLEXO DA ESTAÇÃO.
 
 


 

 
 
 INSTALAÇÕES GRANDIOSAS E CHEIAS DE DETALHES DECORATIVOS
NOS REVELAM UM PASSADO GLORIOSO E INTENSO.
PORÉM, ALÉM DA LOCALIZAÇÃO DE DIFÍCIL ACESSO
E A RETIRADA DOS TRILHOS NA DÉCADA DE 70 DO SÉCULO PASSADO CONTRIBUÍRAM PARA QUE O LUGAREJO ENTRA-SE EM DECADÊNCIA.
POUCO SOBROU!
CASAS AO REDOR DO QUE PARECEU SER A SEDE DA FAZENDA POSSUI TRAÇOS DE REQUINTE NOS DETALHES DAS FACHADAS.
 
 
 




 O PRÓPRIO CASARÃO, TODO AVARANDADO ABRE SUAS PORTAS PARA O TELHADO DA VELHA ESTAÇÃO. DALI PROVAVELMENTE SEU IDEALIZADOR AVISTAVA OS CHEGANTES QUE DESCIAM A CADA NOVO COMBOIO.
 
 
 

 

 
 
 
DESCENDO PELA ENCOSTA DO TERRENO FICA UM VELHO ENGENHO,
 
COM SUA IMENSA RODA D'ÁGUA E SUAS MILHARES DE TRAQUINAGEM QUE FAZIAM TUDO EM SUA
 
VOLTA PRODUZIR.
 
HOJE É MORADA DE MORCEGOS
E LIXO.
 
 
 
 




 MAIS AO NORTE NO QUE SOBROU DO LASTRO, HOJE TOMADO PELO MATO E ERVAS DANINHA, AVISTAMOS UMA PEQUENINA PONTE DE FERRO, EM BAIXO UM RIACHO DESAGUA NUMA LINDA CACHOEIRA, TESTEMUNHA OCULAR DE UM TEMPO QUE NÃO VOLTARA JAMAIS.
ESSAS BELAS CONSTRUÇÕES FORAM UTOPIA DA COMPANHIA MOGIANA DE ESTRADA DE FERRO E NAVEGAÇÃO QUE ACREDITAVA LIGAR O PORTO DE SANTOS ATÉ O NORTE DO PAÍS.
 
ISSO NUNCA ACONTECEU!!!
 
HOJE SEM NENHUM TIPO DE APOIO DE GOVERNO E NEM DA INICIATIVA PRIVADA E NENHUMA FISCALIZAÇÃO, CORRE O SÉRIO RISCO DE SEU FIM SER ALÉM DO ESQUECIMENTO: A DERRUBADA LITERAL! 
 
 

28 de maio de 2013

A menina de Brodowski

   A pacata Brodowski, vinte quilômetros de Ribeirão Preto – SP foi o ponto de partida para toda essa
aventura que fiz sobre duas rodas entre os  trechos que compreendem o antigo ramal ferroviário de Igarapava e a Linha do Rio Grande.
Após ler um artigo de uma revista que contava um pouco da vida do artista prata da casa, Candido Portinari, descobri que a cidade nasceu do surgimento da estação Eng. Brodowski.
Deste ponto de partida novas pesquisas me levaram a outras estações, todas ou quase todas elas abandonadas depois que os dois ramais ferroviários foram desativados na década de 70 do século passado.



Com o corpo já cansado por toda a jornada 
da aventura, minhas energias 
se refizeram naquele fim de tarde 
de sexta-feira ao entrar na pequena cidade e
me deparar com as imagens do grande artista.
Mesmo com todas as mudanças devido
o crescimento natural da cidade,
me senti mergulhado nas pinturas de Candido.
Tudo estava ali:
a igrejinha na praça,
as crianças brincando, o céu de outono,
a inocência, a simplicidade
o aconchego.





Mal deixamos as bagagens na pensãozinha
saímos em busca da 
menina dos olhos da Cia Mogiana. 




Ao lado da praça do coreto está a estação, bem conservada
com cara nova.
Antes era menininha, hoje é flor crescida. Seu antigo 
ofício de gare deu lugar a uma secretária da
prefeitura, e mesmo assim, 
como diz o ditado popular:
Quem um dia foi rei, nunca perde a majestade!,a tênue estação
ferroviária é hoje um marco da cidade,
onde seu brilho permanece.












Diferente da maioria das cidades onde primeiro construía-se
a igrejinha aqui, primeiro chegou a estação
e em seguida as casas no seu entorno.
Algumas fotos, a admiração, o silêncio...
tudo como um ritual de devoção. 





Pela manhã fomos conhecer o museu da cidade, a casa
que outrora fora a residência na infância de 
Cândido Portinari. Uma casinha simples, onde tudo 
muito bem organizado nos transporta para a vida do artista em 
família: comportamento, educação, afeto.
Na praça em frente, temos a capelinha de Santo Antônio,
inúmeras vezes retratada pelo artista
a derredor, casas simples
gente humilde 
acolhedora.



Depois dessas contemplações seguimos adiante...
nossa missão naquele instante 
era encontrar outras estações
e suas narrações ordenadas.
Agora
ungidos pela história,
pela arte
pela singularidade
por Brodowski!