1 de julho de 2011

Fontes da Juventude


O sol surgiu tímido, preguiçoso... Era sexta feira santa. Orlândia ainda dormia quando levantamos e saímos em busca do nosso destino. Era o segundo dia em busca das estações do antigo leito ferroviário da Alta Mogiana. Conforme o senhor da confortável pensão em que nos hospedamos, bastava pegar a avenida principal que nossa jornada seria certa. E assim foi.

Estação Orlândia, fachada Principal

Depois de uma leve descida, nos deparamos com a praça onde hoje abriga a estação rodoviária. Acanhada, rende-se ao esplendor da adjacente ferroviária que parece beber na fonte da juventude.



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Estação Antiga de Orlândia.

Com pouco mais de 110 anos, a moça trigueira enche nosso olhos com sua singela arquitetura. Com os tijolos aparentes, dispostos um a um, dá a impressão de terem sido talhados no barro, lapidados! Depois que suas veias condutoras, responsáveis pelo alavanque do município, os trilhos, foram arrancados sem aviso prévio, a perola do sertão algodoeiro vê todo seu complexo de edifícios obterem novas funções.

Estação Orlândia com caixa d'água com data de 1913


Mais nada a acomete e ela segue seu fado permanecendo senhora da situação, abastada no mais simples dos cargos: ser o legado de um tempo áureo, que sua vizinha jamais terá envergadura para tanto. Assim, fica a ofuscar os olhos dos passantes que usam seu pátio para caminhadas ou festejos regionais.


Estação Sales Oliveira, no frontão data do dia da inauguração
Dali pegamos energia pelo fio condutor que outrora foi esteio para a antiga Vila Orlando e partimos para Sales de Oliveira. O caminho é curto, mais inebriante, a entrada da cidade nos remete mais a um bairro suburbano, devido a distancia da cercania, algo entre 08 km. Depois de uma boa restauração e tornar-se um museu de artes e ofícos, o "Estação Cultura", tudo parece quedar no tempo.



Detalhe da antiga plataforma de embarque e desembarque
Linhas retas bem ao estilho art décor se entrelaçam em meio às árvores do jardim que antes compunham o pátio férreo. Percebemos que esta nova função dado a "Senhora Oliveira" permite a novas gerações saber o que esse prédio representou no passado, mantendo sua mocidade viva, atuante, semeando história àqueles que ali flanam.


Estação numa foto ainda com o patio férreo, exposta em frente ao museu

Fomos avante trilhando pela estrada afora nossa ventura. Na zona rural de Sales de Oliveira, numa estrada de terra margeada por plantações de cana de açúcar chegamos à parte baixa de um vale cingido de árvores, encontramos ali adormecida, Guaiuvira.







Um corado amarelo em suas paredes resgata os seus 111 anos de vida alcançados neste dia primeiro do mês de julho. Sua composição predial se mantem com poucas alterações, uma sensação de amparo e vigília com a bucólica estação.


Estação, caixa d'água e casa do "guarda-chaves" ao fundo


 Ao transpor as imediações da fazenda pra se chegar a plataforma de embarque, percebemos que uma aura abril domina seu entorno, algo captado pela lente da objetiva e protocolado em nossas mentes.





Como passageiros audazes seguimos nossa jornada sobre duas rodas, descobrindo que as fagulhas que saiam das chaminés enfurecidas das antigas Maria- fumaça deixaram apenas lembranças naqueles que buscam de alguma maneira não esquece-las. Cuidando, mantendo, cultivando.



Sexta-feira, 22-o5-2011, 10:30 h.






19 de junho de 2011

Degustando Estações



Foi com toda essa vontade de nos alimentarmos do que sobrou do antigo leito ferroviário da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e Navegação, que chegamos à cidade de Guará. Munidos de câmera nas mãos, e uma idéia na mente chegamos aos pés de mais uma remanescente do ciclo de ouro das estradas de ferro.



Sobre um tapete de alcatrão, repousa a Estação Guará. Baronesa Augusta serve de oficio a uma instituição bancária. Suas cores vão se adaptando a cada nova função, seu corpo ainda detém as características primarias, sua conservação se faz destas mudanças ocupacionais.


Desta maneira vai se perpetuando, observando o crescimento das palmeiras imperiais no centro da via, antes caminho de passagem dos trens. Saboreamos ali a idéia de preservação.




Seguimos adiante. Dez quilômetros separam Guará de Pioneiros, um distrito local. Descobrimos um lugarejo miúdo, simplório, onde observadores curiosos ficam surpresos com a nossa passagem.



 A menina estação ganha destaque sobres as casa vizinhas. Com a cor do sol, uma infeliz descaracterização fácil de perdoar, pois tal projeto era cultivar o conceito de modernidade, algo que intuitivamente as locomotivas traziam das grandes cidades.


Ponte do ramal novo, sobre o rio Sapucaí

Ponte Ferroviária do ramal antigo, sobre o rio Sapucaí.
 Experimentamos ali a idéia de perdurar.


Trilhamos nosso destino até São Joaquim da Barra nossa próxima parada. Um imenso tapume abraça a senhora estação, um amparo provisório enquanto recebe reparos pra nova função. Sua grande dimensão antes ocupada por sacas de café beneficiado, depois
de pronta, será um espaço bibliotecário e




 escola de informática. Imaginar que o local propagará educação, cultura e lazer nos confortam e faz acreditar que a nobre estação será embarque do crescimento intelectual individual e coletivo.
Provamos ali a idéia de subsistir.



Residência do Chefe da Estação - Hoje Posto de Saúde

A grande sacada destes três exemplos registrados pela lente da objetiva é que para salvar um bem histórico não basta apenas fazer o tombamento. Tem que proporciona aos mesmos novas funções, para que assim possam voltem a ser palco do desenvolvimento.

Quinta-feira, 21 de maio de 2011, 17:45 h.

7 de junho de 2011

Ituverava: Salto Brilhante


Localizada na parte alta, com uma vista privilegiada e a cidade crescendo aos seus pés, com certeza “brilhante” mesmo foram os 76 anos de atuação da grande estação de Igarapava.


Depois que a aposentadoria forçada entrou em vigor, em 1979, devido a mudança do ramal, sua estrutura física entrou num longo processo de abandono. Com histórico de depredações, negligência e alguns incêndios, o resultado culminou com a substituição das suas elegantes portas e janelas por tijolos de contenção.





Da cobertura da plataforma apenas marcas deixadas nas paredes revelam que no passado era uma imponente obra da arquitetura ferroviária. De fato, as dimensões chamam a atenção.



 O pátio longínquo ainda permanece com seus trilhos oriundos da CMEF, seus desvios e amarrações, atende as indústrias locais... A casa do guarda-chaves, a caixa d’água, estão todas La, guerreiras ao tempo.  




Assim a solene estação, é mais uma vitima do desprezo, da ignorância de toda sociedade que valoriza muito mais outros meios de transporte. Dando as costas a aquele que um dia deu um “salto” para o progresso do local.  



































1 de junho de 2011

Há 581 m de altitude: Canindé


           
A estrada vicinal para se chegar a CANIDÉ É uma linha reta longínqua de mais ou menos 06 km, touceiras de cana-de-açúcar nos dois lados e muita poeira vermelha vão criando UMa paisagem inóspita e bem turva. a moto ziguezagueava na terra solta, nuvens de pó ascendiam ao passo que tomava velocidade. pequenos telhados vão revelando aos poucos UM POVOADO ADORMECIDO no tempo,



mais A canindé de ontem é bem diferente da atual, da ESTAÇÃO_ coração pulsante de outrora hoje bate descompassada, SERVE DE MORADIA para várias famílias, seu estado de deserção é impressionante. o descuido e desinteresse público ficam estampados nas garatujas impressas nas paredes e nos quadros de avisos, da plataforma de embarque. palco das novidades itinerante_ é sustentada por troncos de alguma mata local evitando assim seu desmoronamento.




o que era O PÁTIO, responsável pela troca dos trens que vinham de uberaba e/ou ribeirão preto e começo de um ramal particular para a usina junqueira, hoje DÁ LUGAR a UM CAMPINHO DE FUTEBOL, nada comparado à movimentação de antigamente. CASA DO CHEFE, CASA DE TURMA E CASA DE FUNCIONÁRIOS recebem um novo oficio SERVIndo DE LAR compondo a vila.






além do complexo da estação, CASAS A DERREDOR, IGREJA, RESTAURANTE E CINEMA fizeram desta paragem uma promessa de prosperidade, para dona marilda. moradora de uma das casas mais distintas relata que DEPOIS que as locomotivas a vapor deram lugar às loco a diesel e o FECHAMENTO DO RAMAL de cel. quito o vilarejo FOI ESTAGNANDO e entrou num longo caminho em desuso.


“soidade do comboio chegando trazendo notícias, do tráfego dos passantes, da vida movimentada que não volta mais”. comentou do desvio que o trem fazia quando a máquina manobrava, APONTANDO para a parte baixa do terreno, lembrou dos vagões recheados de lenha pra abastecer as terras do coronel quito.







nostalgias à parte da senil proposta de desenvolvimento nada se vê, o PANORAMA atual é Dominado pelo TOTAL ABANDONO. o que resiste só não desapareceu porque algo lá desembarcou e não mais se foi, a esperança.

Quinta-feira, 21 de março, 14:30h.
















25 de maio de 2011

Última chamada para o trem de Aramiiiiiiiiiiiiiiiina!!!!

Com o nome de um carrapicho local, a simpática Aramina_ como várias outras cidades iguais a ela, foi crescendo no entorno do prédio da estação. Depois que os trilhos foram retirados a estação foi desativada e hoje a sua antiga localização abriga uma praça com um pequeno parque infantil tomado por crianças. Diante dela tento abafar o barulho dos balanços e fico a procurar o som da Maria Fumaça chegando, trazendo progresso ao local. Seguindo o que sobrou do caminho-de-ferro encontro prédios que compunham o complexo da Cia Mogiana,


Casa de Operários e Casa de Turma servem de residência, mantendo ainda caracteristicas arquitetonicas da época. Um de seus moradores nos aponta a casa do seu Anesio, um distinto senhor que nos recebeu humildemente em sua morada. Aparentando ter uns 85 anos, um tipo de ancião da cidade, de fala mansa, apoiado em seu andador, relatou com bastante clareza até a data da chegada da Aramina por aquelas bandas. 


    Falou de um prédio, mais afastado dos outros_ que
 conseguimos avistar da rodovia, seria este o primeiro a ser contruído naquela época. Era a Casa do Feitor, um mestre de obras dos dias atuais. De tipologia bem simples, com tijolos aparentes, serve de depósito para fazendas vizinhas. Quando a CMEF suprimiu o ramal original à oeste da cidade, algumas estações deram lugar a um grande canavial. Iderê, Japuê por exemplo tiveram esse trágico destino, sendo demolidas. Delas nem a localização obtivemos



Antes de partirmos para Canindé, nossa próxima parada, percebi que estes velhos prédios herdaram de Aramina não só o nome mais também a função do arbusto, como um carrapicho_ se prendem à nossa imaginação_ nos impregnam com suas histórias e acontecimentos, e pra tirar é necessário paciência, algo que eles dão uma lição: resistem ao tempo e ao abandono.
Quinta-feira, 21 de maio, 13:55 h.


18 de maio de 2011

Senhores Passageios, Próxima Parada: Estação Igarapava.

... seguimos adiante_ a vila que tanto nos encantou ficou para trás , agora o chão que nos espera é longo e imprevisível, o asfalto agitado é nosso leito guiador, passeio condutor para as próximas estações, o sol já ia alto quando adentramos na cidade. Prédios variados vão chamando nossa atenção, alguns singelos modernistas, outros ecléticos exibicionistas, mais um não podia passa desapercebido.


 Faustoso, ficava numa parte elevada do terreno.Sua antiga ocupação: uma cadeia, hoje, palco do tempo, abandonada fica a espreita vendo os passantes na calçada, aguardando talvez um novo ofício.


 Ali_ diante dela, percebemos que esta viagem iria além do leito erradicado da antiga Mogiana, a cada curva um espetáculo, uma surpresa e assim após uma pequena subida lá estava ela, re-ti-li-nea repousando sobre o asfalto quente: Igarapava.


Adormecida, bem conservada, teve suas cores alteradas, atendendo tendências do governo local.


 Ela é substituta de uma outra estação da cidade, um pouco menor, mais velha, chamada Igatí, sabíamos que ela ficava após a linha fazer uma curva em "N", diziam que quando alguém perdia o comboio para Ribeirão Preto, bastava pegar um carro ou charrete e ir até Igati para seguir viagem, no encalço dessas pistas, como dois caçadores de tesouro, seguimos o velho leito. A rua aos poucos foi se estreitando, as casas foram dando lugar a uma encosta coberta de senhoras árvores, no chão pedregulhos da antiga estrada férrea davam vestígios que estávamos no caminho certo.


 A paisagem era linda, a sensação era de estar dentro do vagão, subindo suavemente seu trajeto_ a esquerda árvores sombreavam a passagem, do lado direito um grande vale nos presenteava com belas pastagens de fazendas centenárias. Depois de algumas confusões paramos próximo a um casal que nos mostrou onde ficava a antiga Igatí, dela apenas poucas casas modificadas nem se quer lembra a vila da estação, o grande pátio dá lugar a um condomínio popular, dela, nada! Porém percebemos que a velha estação fica viva na memória das pessoas, que aos poucos vão se abrindo, dividindo suas experiências, contando os seus causos. Os olhos vão se enchendo de brilho, a imaginação floreia, e ao seguirmos viagem para a próxima parada percebemos que ativamos boas lembranças, guardadas em baús empoeirados de algum vagão abandonado dentro de nós mesmos.
Quinta-feira 21 de maio, 12:40 h.