27 de abril de 2014

Igrejinha do pasto de Indianópolis


"A igrejinha do pasto é mal assombrada!" silêncio... "ela não gosta de visitas..." esse foi o comentário de um morador quando perguntamos onde ficava a tal capelinha, uma maneira sábia de afastar os curiosos e supostos vândalos para assim tentar manter de pé a velha igrejinha.


A cidade de Indianópolis - MG é um dos polos históricos mais importantes do Triangulo Mineiro, originária da aldeia de Santana do Rio das Velhas, foi no passado um local estratégico para a estrada real do Anhanguera. No princípio teve o domínio dos padres jesuítas, depois pelos índios Bororós e por fim pelo homem branco.






Além de prédios históricos como a matriz de Sant'Ana - 1844, 
a igreja de Santa Rita - 1859 a original, e 1959 a atual- 
e a Fazenda Registro (onde se cobravam os impostos para coroa), 
lendas e mistérios 
alimentam o imaginário e 
o cotidiano desse charmoso município das minas gerais.



No alto da colina, do velho ponto de paragem dos tropeiros que vinham do oeste, estabeleceu-se um local de devoção. Um cruzeiro-mor fincado donde pedras e latas d'água eram levadas sob as cabeças em sinal de sacrifício.
Pedidos de chuvas para amenizar a estiagem 
do cerrado mineiro.



Como tempo foi erguido ao lado do velho cruzeiro uma singela capela
de construção simples,
com telhado de duas águas e
tijolos de adobe,



no seu interior 
piso elevado com réguas de madeira em dois planos
vão a um altar de linhas retas. 
O altar recebe a meia parede uma imagem de rara beleza para a nossa região. 
Uma pintura estilo rococó,
onde a figura principal faz
alusão a Santa Cruz.
Ao seu redor nuvens rebuscada é ladeada por anjinhos. Nas extremidades,
 vasos em flores completa o afresco.






Na estrada de terra que leva a igrejinha, depois de uma forte subida
lavouras de café e soja vão margeando nossa aventura.
Bem no meio da soja em tons verde e amarelo prestes a ser colhida, eis que surge a tal capela.
De longe ela não chama muita atenção, pode ate passar desapercebida.
Na parede caiada a tonalidade ganhou ao longo do tempo matizes que se camuflam com
a paisagem, do cruzeiro pouco sobrou.
Apenas uma parte pontiaguda ainda aponta para o céu
como num gesto de clemência.


  
Quanto mais perto vamos chegando mais bela se faz,
porem o tempo e o abandono dá uma noção que se nada for feito logo seu fim 
será trágico.
Todo a sua estrutura está inclinando para o lado, quase que tombando,
como se o vento a convida-se a repousar no chão.



Lá dentro parte do reboco caiu e a pintura mural se desfez restando
apenas parte dos seus traços.
O telhado vai se abrindo em frestas
permitindo que feixe de luz solar entrem e aqueça seu interior.
O silencio é absoluto,
sendo quebrado apenas pelo vento que dança em meio as hastes da soja.



No horizonte uma nuvem carregada vem surgindo com uma forte e abençoada chuva,
algo que nos faz registrar a igrejinha com certa rapidez.


Percebemos que ela sempre dá um jeito de expulsar os intrusos,
cumprindo a fama que não gosta de receber visitas,
onde desconhecidos não são bem vindos!