Por uma fresta de uma porta fechada com correntes e cadeado, conseguimos espionar seu interior, o vazio é dividido com os destroços do telhado que veio abaixo com o incêndio. Imaginamos seu tempo áureo, cujo local impulsionava o comércio do pequeno povoado, construindo amores e paixões, esperanças e desilusões, num vai e vem da velha Maria-Fumaça.
O sentimento agora é de consternação. Se nada for feito de imediato, seu fim será inevitável, e esse belo edifício fará apenas parte do passado e dos livros de história.
Antigamente, a pequena estação ficava em um local privilegiado, lugar de destaque para os que passavam na estrada de acesso ao interior. Hoje, devido à duplicação da BR, uma grande faixa de terreno estabeleceu entre a estrada e a estação; e, em seus entornos, outros edifícios foram construídos deixando-a cada vez mais isolada. Este afastamento visual, aliado à falta de interesse em preservação, fez com que a degradação se acelerasse.
Para os que sabem quem ela existe, basta percorrer a linha férrea que corta o município de Ibaté e que ainda é usada para o transporte de cargas e encontra-la. Para os que não sabem da sua existência, ao vê-la assim, pode causar os mais variados sentimentos, desde indignação à indiferença.
Desde quando passei a fotografar esses locais, sempre ficam as perguntas: Onde isso vai parar? Quem poderia fazer algo para reverter a situação? E se outra função lhe fosse dada? Acredito que as respostas estejam tanto no Poder Público quanto no privado.
Meu papel é o de expor, denunciar através da fotografia, mostrar que o abandono ali existe.
A quimera seria ver tudo voltar a pulsar, com direito aos trens de passageiros, sem a pressa dos dias atuais, valorizando a cultura, o patrimônio histórico e os antigos hábitos.
Ainda há tempo para corrigir!
Esse é apenas um exemplo de como as riquezas de nossa cultura se perdem por falta de interesse dos governantes e também de uma população que não cobra pela preservação dos patrimônios históricos. Triste!
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